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Pacientes infectados com HIV em transplantes precisam de acompanhamento vitalício

As pessoas infectadas com o vírus a partir da doação de órgãos contaminados no Rio de Janeiro vão precisar de acompanhamento médico constante e por toda a vida

© Getty Images

(FOLHAPRESS) – O HIV, sigla em inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana, ataca o sistema imunológico e enfraquece progressivamente as defesas do corpo, tornando-o vulnerável a infecções oportunistas e doenças graves. As pessoas infectadas com o vírus a partir da doação de órgãos contaminados no Rio de Janeiro vão precisar de acompanhamento médico constante e por toda a vida.

Os seis pacientes que receberam transplantes de rins, coração, fígado e córneas devem receber medicamentos para controlar o vírus e manter as defesas do corpo contra doenças e infecções. O PCS Lab Saleme, laboratório que emitiu laudos falsos negativos e resultaram na doação de órgãos contaminados, está sob investigação. Quatro pessoas foram presas.

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Caso não tenha sido identificada a infecção por HIV de forma precoce e iniciado o tratamento correto com antivirais, a doença pode dificultar a recuperação desses pacientes.

Infectologista e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Raquel Stucchi afirma que o HIV aumenta o risco de os pacientes desenvolverem infecções comuns, como gripe, mas que para eles serão muito graves, porque o sistema imunológico do corpo vai estar fragilizado.

“Felizmente, hoje nós temos um tratamento muito fácil por via oral, com medicação fornecida pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Se o paciente fizer o uso corretamente, a doença não vai progredir e ele vai viver normalmente sem ter nenhuma queda da sua imunidade”, diz.

Para o infectologista Leandro Ladesma, da Rede Hospital Casa, no caso dos pacientes transplantados, a principal mudança é que eles vão ter que fazer o acompanhamento da infecção pelo HIV para prevenir o desenvolvimento da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que é a fase mais avançada do vírus, quando o corpo não consegue mais se defender das doenças.

“Isso significa que eles terão acompanhamento médico contínuo e monitoramento rigoroso da infecção pelo HIV”, diz. “Esses pacientes também terão que lidar com desafios associados ao HIV, como o estigma social e possíveis efeitos colaterais dos medicamentos.”

Segundo o médico, quando a pessoa é contaminada pelo HIV, elas passam por uma condição chamada de síndrome retroviral aguda, quando surgem sintomas como febre, dor no corpo, dor de cabeça, cansaço e alterações na pele, como vermelhidão, inchaço, bolhas, coceira, descamação ou manchas.

“Esses sintomas costumam durar alguns dias ou algumas semanas e muitas vezes passam despercebidos ou são confundidos com outras infecções. Depois dessa fase inicial, a infecção entra num período de latência clínica, uma fase assintomática, que pode durar vários anos e é nesse momento que o vírus vai atacando o sistema imunológico do paciente”, explica.

Caso não seja tratada a infecção, o paciente poderá desenvolver a Aids. Nessa fase, podem surgir infecções ou doenças oportunistas graves, como pneumonias, infecção de sistema nervoso central, meningite e tuberculose disseminada.

“Nesse estágio mais avançado, conhecido como Aids, o risco dessas doenças oportunistas aumenta bastante, mas com o tratamento adequado é possível controlar sintomas e viver anos com uma boa qualidade de vida.”

JUSTIÇA PRORROGA PRISÃO DE ENVOLVIDOS NO CASO DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS COM HIV

A Justiça do Rio de Janeiro negou nesta sexta-feira (18) o pedido de liberdade provisória da técnica em patologia clínica Jacqueline de Assis e prorrogou por mais cinco dias sua prisão e dos outros três investigados pela infecção por HIV em pessoas transplantadas.

O laboratório PCS Lab Saleme é investigado por emitir laudos com falsos resultados negativos para o vírus de HIV. Os quatro presos trabalhavam no local. Além de Jacqueline, também estão detidos o sócio da clínica, Walter Vieira, e os técnicos Cleber de Oliveira Santos e Ivanilson Fernandes dos Santos.

Na decisão, a juíza Aline Abreu Pessanha, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, argumenta que “há elementos robustos” que reforçam a necessidade da manutenção da prisão temporária. Também afirma que a soltura pode atrapalhar as investigações.

“A prisão temporária, ao menos por ora, apresenta-se como absolutamente necessária para garantir o prosseguimento das investigações”, diz.

A defesa de Jacqueline também pediu que a prisão fosse convertida em domiciliar, alegando que ela é mãe de duas filhas menores de idade. Ao negar, a Justiça afirma que “não há qualquer documento que comprove tal alegação”.

Segundo a Polícia Civil, os investigados respondem a acusações como falsidade ideológica, falsificação de documentos, infrações sanitárias, crimes contra as relações de consumo e associação criminosa.

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