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Com protestos na Bolívia, pais de estudantes brasileiros em RO se dizem desesperados

Familiares relatam que filhos não conseguem deixar o país e são ameaçados. Protestos começaram após apuração das eleições presidenciais indicar reeleição de Evo Morales.

Pais de estudantes brasileiros que vivem em Rondônia se dizem desesperados por conta da crise na Bolívia. Segundo os familiares, os filhos, que moram no país vizinho para fazer faculdade, não conseguem deixar a região e são ameaçados por manifestantes.

O começo da falta de alimentos e de água mineral também preocupa os parentes. Os protestos na Bolívia começaram após a apuração das eleições presidenciais indicar a reeleição de Evo Morales.

“Desde a semana passada estão reclusos em casa. Ou seja, está sendo tirado o direito deles de ir e vir, porque os manifestantes ameaçam quando saem a rua. Falam que eles não vão sair da Bolívia. Já está faltando alimentos”, disse a funcionária pública Suzana Soares Silva, que vive em Porto Velho. Seus dois filhos estudam medicina em Cochabamba.

Assim que soube do caso, Suzana começou uma luta em defesa aos filhos e a outros estudantes que estão na Bolívia sob ameaça. Uma das medidas foi encaminhar petições para o Ministério das Relações Exteriores, a Secretaria Especial dos Diretos Humanos, além de outros órgãos federal. Mas, segundo ela, não houve resposta.

“Junto comigo assinaram quase seis mil estudantes, noticiando e firmando junto comigo e até agora estão esquecidos. Ninguém fala nada”, complementou Suzana.

Manifestantes protestam contra a divulgação de resultados antecipados que diziam que Evo Morales teria ganhado em primeiro turno as eleições presidenciais na Bolívia, em La Paz, na terça-feira (22) — Foto: Reuters/David Mercado
Manifestantes protestam contra a divulgação de resultados antecipados que diziam que Evo Morales teria ganhado em primeiro turno as eleições presidenciais na Bolívia, em La Paz, na terça-feira (22) — Foto: Reuters/David Mercado

O administrador de empresa Lucindo Pereira da Silva e a empresária Eurí Isabel Bigunati vivem o mesmo drama. Ele tem um filho e ela uma filha que também cursam medicina na Bolívia – em Santa Cruz de La Sierra.

“Os aeroportos estão fechados, rodoviárias. Nós não temos mais como mantê-los lá. Não é questão de mandar dinheiro. Eles não tem como retirar lá. Nesse momento a gente apela sim às autoridades, que se possa retirar esses brasileiros de lá”, explicou Lucindo.

“Minha filha está há três dias sem sair de casa. Eles ainda têm internet e televisão para se informar e nos manter informados. Eu falo com minha filha todos os dias, mas a preocupação é: na situação que está, até quando? Eu quero, preciso que alguma coisa aconteça. Eu quero ajuda. Eu preciso tirar a minha filha de lá. Por favor”, implorou Eurí Isabel.

Em nota, o Itamaraty informou na noite desta quarta-feira (30) que a embaixada em La Paz e as outras repartições brasileiras na Bolívia acompanham a situação de segurança no país. Mencionou também que representantes nacionais fazem orientações de forma “permanente ou temporariamente”.

No texto, o órgão diz ainda que “as representações têm alertado os brasileiros, por meio de seus canais na internet, a permanecer em suas residências, estocar, na medida de suas possibilidades, água e mantimentos, e evitar aglomerações e manifestações de qualquer natureza” e recomenda a consulta de alertas que tratam sobre os protestos, bem como orientações aos turistas.

Eleições na Bolívia

O país começou a ter protestos depois que a apuração das eleições presidenciais, que inicialmente apontava um segundo turno, passou a indicar mais uma reeleição de Evo Morales, a quarta em seguida.

Os partidários do segundo colocado, Carlos Mesa, tomaram as ruas em protesto. Eles denunciam uma suposta fraude. Houve confrontos em Sucre, Oruro, Cochabamba e La Paz, entre outras cidades. Morales qualificou os atos como um golpe e decretou estado de emergência.

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