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Primos acusados de matar adolescente em ‘teste de fidelidade’ vão a novo júri popular, em RO

Crime aconteceu em 2017 e já foi julgado uma vez pelo Tribunal do Júri. Jéssica Moreira Hernandes foi morta a facadas e teve o corpo abandonado em um matagal.

O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) marcou a data em que Diego de Sá Parente e Ismael José da Silva serão submetidos a novo júri popular em Cerejeiras (RO), região do Cone Sul. Os dois primos são acusados pela morte da adolescente Jéssica Moreira Hernandes, em abril de 2017. Segundo apurado pela polícia, a morte teria ocorrido após um “teste de fidelidade” onde a jovem confessou uma suposta traição.

O novo júri está marcado para as 8h30 do dia 23 de outubro. A determinação de um novo julgamento veio após a defesa de Diego e Ismael, além do Ministério Público Estadual (MP-RO), recorrerem da sentença do júri realizado em agosto de 2018.

O juiz Fabrízio Amorim de Menezes também acatou o pedido de produção de provas em plenário, feito pelas partes.

Ismael será julgado novamente pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio) e ocultação de cadáver.

Entenda o caso

A adolescente desapareceu na manhã de quinta-feira, 20 de abril de 2017 depois que saiu de casa de bicicleta. No mesmo dia, familiares registraram uma ocorrência na polícia informando o sumiço da jovem.

No dia 24 de abril, o corpo da jovem foi localizado na Linha 4, zona rural de Cerejeiras. Duas mulheres que faziam caminhada pela estrada sentiram um forte cheiro e encontraram o corpo envolto em uma lona. No dia seguinte, o namorado dela, Ismael, e o primo dele, Diego, foram presos suspeitos de envolvimento na morte.

Em coletiva no dia seguinte da prisão dos suspeitos, o delegado Rodrigo Spiça, disse que Diego confessou o que aconteceu no dia do crime. Ele relatou que Ismael, por ser extremamente ciumento, estava desconfiado de Jéssica e decidiu fazer um “teste de fidelidade”.

Ismael teria matado Jéssica Moreira Hernandes, de 17 anos por ciúmes. — Foto: Facebook/ Reprodução

Em seguida, Diego atraiu a jovem para um casa, dizendo que tinha provas de que o primo a havia traído. Na casa, Ismael ficou escondido enquanto Diego tentava uma confissão de traição da adolescente.

Ele contou que Jéssica assumiu uma traição, mas o delegado acredita que ela pode ter assumido apenas na intenção de descobrir também algo sobre a fidelidade de Ismael.

Após ouvir a suposta confissão, na versão de Diego, Ismael se descontrolou, deu um golpe com um pedaço de ferro na cabeça da garota, provocando o desmaio dela. Depois ele tomou uma faca e atacou a jovem, levando à morte dela.

Em 9 de setembro de 2017, Ismael da Silva foi julgado e inocentado pelo crime de homicídio na 2ª Vara Criminal de Cerejeiras. No julgamento, ficou decidido que o primo dele, Diego Sá seria julgado no Tribunal do Júri por conter fortes indícios da participação dele na morte da jovem.

A absolvição ocorreu porque documentos e testemunhas mostraram que na hora provável da morte de Jéssica, Ismael estava na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) da cidade com o acesso de computador logado na unidade.

Imagens de câmeras de segurança das proximidades do prédio e uma mensagem mandada por Ismael para Jéssica perguntando o que ela fazia também levaram o juiz a absolvê-lo.

Em 9 de março de 2018, o TJ-RO reformou a decisão do juiz de Cerejeiras e determinou que Ismael também fosse julgado no Tribunal do Júri. A ordem do TJ para um novo julgamento foi dada após análise de recurso do MP.

Julgamento dos acusados de matar Jéssica Hernandes durou dois dias. — Foto: Eliete Marques/Arquivo G1

No dia 24 de agosto de 2018, após dois dias de julgamento, foi anunciada a sentença e Ismael da Silva foi condenado a um ano de reclusão por ocultação de cadáver e Diego de Sá a 18 anos por homicídio qualificado e mais um ano por ocultação de cadáver. Ismael foi absolvido do crimede homicídio qualificado.

Na época, o juiz deu o direito a Ismael de recorrer em liberdade. Já Diego, teve que começar a cumprir a pena em regime fechado.

Antes de entrar para o segundo dia de julgamento, em 23 de agosto, Ismael falou com jornalistas quando entrava no fórum e alegou ser inocente.

No fim de abril deste ano, o TJ anulou a decisão do júri que absolveu Ismael do crime de homicídio. No recurso que levou à anulação do julgamento, o MP argumentou que a decisão foi “manifestamente contrária à prova dos autos”. O MP e a defesa de Diego também recorreram.

Agora, um novo corpo de jurados vai ser formado para a apreciação do caso em plenário. O julgamento vai acontecer no Tribunal do Júri de Cerejeiras, às 8h30 de 23 de outubro.

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