As autoridades do Catar e da Fifa anunciaram nesta sexta-feira (18) a proibição da venda de cerveja nos arredores dos estádios durante a Copa do Mundo, em um comunicado publicado apenas dois dias antes do início da competição.
“Após as discussões entre as autoridades do país-sede e a Fifa, foi tomada a decisão de concentrar a venda de bebidas alcoólicas na Fifa Fan Fest, outros pontos de encontro dos torcedores e nos locais que têm licença para a atividade, e eliminar os pontos de venda de cerveja do perímetro dos estádios da Copa do Mundo”, afirma o comunicado, sem explicar os motivos da decisão.
A mudança projeta uma sombra sobre os compromissos anteriores do emirado muçulmano conservador de sediar o Mundial.
“Alguns torcedores querem tomar uma cerveja no jogo, outros não. Mas o verdadeiro problema que esta mudança ilustra é muito maior: a total falta de comunicação e de transparência do comitê organizador com os torcedores”, denunciou a FSA, a associação de torcedores ingleses.
A expectativa é de que milhares de ingleses assistam na segunda-feira (21) na estreia de sua seleção no Mundial contra o Irã.
Ao serem questionadas, regularmente, sobre a recepção aos torcedores LGBTQ+ em um país onde a homossexualidade é considerada crime, as autoridades repetem que “todos serão bem-vindos sem discriminação”.
O assunto também é delicado porque a marca de cerveja Budweiser é uma das principais patrocinadoras do evento há três décadas.
Em seu comunicado, os organizadores da Copa do Mundo de futebol agradecem ao grupo AB InBev, do qual a Budweiser faz parte, pela “compreensão” e explicam que a marca mantém a possibilidade de vender cervejas sem álcool no entorno e dentro dos estádios.
Durante muito tempo, a organização do Mundial manteve incertezas sobre a venda de álcool durante o torneio, algo em geral muito regulado no país, o gerou várias especulações.
No início de setembro foi confirmado que os postos de venda de cerveja abririam ao redor dos estádios três horas antes e até meia hora antes do início da partida. Deveriam, então, reabrir por uma hora após o apito final. Apenas cervejas sem álcool estarão disponíveis nos estádios.
“Acho que há um equívoco sobre a venda de álcool nos estádios. Nós operamos como qualquer outra Copa do Mundo”, afirmou o CEO do Mundial, Nasser Al-Khater, durante uma entrevista coletiva em 8 de setembro.
Na manhã desta sexta-feira, quiosques com as cores da Budweiser ainda eram visíveis ao redor dos estádios internacional Khalifa, Ahmed Ben Ali e Lusail.
– Álcool nas áreas VIP –
Uma fonte próxima à organização afirmou à AFP que, “há quatro dias”, os quiosques foram afastados da entrada dos torcedores porque eram “muito visíveis”. “É uma ordem que vem de cima”, acrescentou.
As áreas VIP dos estádios oferecem pacotes que incluem “cervejas, champanhe, vinhos e destilados”.
Na principal Fan Fest da Fifa, comprar bebida alcoólica é possível a partir das 18h30 locais. Em outras ‘fanzones’ particulares, as regras são diferentes.
No Catar, o consumo de bebidas alcoólicas é legal para os não muçulmanos com mais de 21 anos, mas tem uma regulamentação muito rígida.
É proibido levar bebida alcoólica na bagagem, mesmo a comprada no “duty free”. Os residentes podem comprar o produto em uma loja específica que não está aberta aos turistas. Os visitantes podem beber na maioria dos hotéis internacionais, onde uma cerveja ou um copo de vinho pode custar quase 10 euros e um drinque mais de 15 euros.
As regras para o consumo de álcool nos estádios de futebol mudam de acordo com o país. Durante a Copa do Mundo de 2014, o Brasil suspendeu a proibição de consumo de cerveja dentro dos estádios a pedido da Fifa.