Advogados e aliados de Temer tentam anular delação da JBS

Delação da JBS

O presidente Michel Temer (PMDB) e seus aliados deflagraram uma ofensiva contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o empresário Joesley Batista após a divulgação de áudios que podem levar à rescisão do acordo de delação premiada dos executivos do Grupo J&F. O objetivo é enfraquecer a colaboração com o objetivo de anulá-la.

No campo jurídico, a defesa do presidente enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um novo recurso contra a decisão do ministro Edson Fachin que rejeitou a suspeição de Janot no caso. Os advogados de Temer pediram ainda acesso a todos os áudios relacionados à JBS, empresa da holding J&F, incluindo os que citam a participação do advogado e ex-procurador Marcelo Miller nas negociações da delação. Fachin, no entanto, determinou a divulgação dos áudios na noite desta terça-feira, 5.

A intenção da defesa é usar o episódio para aumentar as críticas em relação ao acordo firmado com os executivos e para desqualificar uma eventual denúncia que a PGR ainda pretende apresentar contra Temer por organização criminosa. Em outra frente, no campo político, a base aliada de Temer deu demonstrações de que vai aproveitar o momento de “enfraquecimento”.

A primeira resposta foi a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS. Há mais de quatro meses, parlamentares aguardavam o início dos trabalhos do colegiado, que visa investigar os termos do acordo estabelecido entre o Ministério Público Federal e os irmãos Joesley e Wesley Batista. Nos bastidores, a CPMI já era dada como natimorta, mas voltou à tona ainda na esteira da repercussão negativa em torno do anúncio feito por Janot.

“Eu espero que seja mera coincidência, mas é muito estranho a instalação dela (CPMI) um dia depois do pronunciamento do PGR”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), antes de ser informado pela imprensa que aliados do Palácio do Planalto tentavam emplacar o deputado Carlos Marun (PMDB-RS) como relator da comissão. “Se o relator for esse, está claro que é uma retaliação”, afirmou.

Marun é um dos principais nomes da tropa de choque do governo e ficou conhecido por ser um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Indicação

O presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), admitiu que existe um movimento para colocar Marun no posto. “Como criador dessa CPMI, não admito que alguém diga que tenha o cunho de retaliar nossas autoridades. O princípio que levou a criação dessa CPMI é o mesmo que moveu a Operação Lava Jato, ou seja, a luta contra a impunidade”, disse.

Ataídes apresentou sete requerimentos para convocar autoridades a prestar esclarecimentos. Um dos pedidos é dirigido a Janot, Joesley e Wesley. “O polêmico acordo de delação premiada que garantiu liberdade e vida boa aos delatores precisa ser bem explicado”, afirmou.

No mesmo dia, o líder do governo no Senador, Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu que os congressistas deveriam abrir uma investigação independente para acompanhar a apuração em torno dos áudios que envolvem o ex-procuradorMarcelo Miller em possíveis delitos.

(Com Estadão Conteúdo)

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!