O apresentador do “Jornal da Globo”, William Waack, 65 anos, foi afastado de suas funções após ser acusado de racismo. Em vídeo publicado na internet, ele afirma, irritado, que o barulho de uma buzina é “coisa de preto”. O jornalista aparece no vídeo antes de uma entrevista com Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, do Wilson Center, num estúdio em frente à Casa Branca, nos EUA.
“Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar porque eu sei quem é.” Na sequência, Waack olha para o convidado e diz, em tom baixo: “É preto. É coisa de preto.” Após o comentário de Waack, o convidado ri constrangido.
A emissora se manifestou sobre o caso por meio de nota: “ a Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas “funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida.
Nele, minutos antes de ir ao ar num vivo durante a cobertura das eleições americanas do ano passado, alguém na rua dispara a buzina e, Waack, contrariado, faz comentários, ao que tudo indica, de cunho racista. Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação.
William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos.”
Outros casos
Em setembro, o apresentador do “Jornal da Band”, Boris Casoy, indenizou o gari José Domingos de Melo, que o processou em 2010 por se sentir ofendido após um comentário do jornalista.
Melo apareceu em uma vinheta desejando “feliz Natal”, mas uma falha técnica levou ao ar o áudio de Boris dizendo: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”.
Em 2005, o apresentador do “Jornal Nacional”, William Bonner, disse que o telespectador médio do telejornal lembra Homer Simpson, pai folgado e bonachão do desenho “Os Simpsons”. A comparação foi ouvida por nove professores universitários que visitavam os estúdios da Globo.
Bonner se desculpou afirmando que usou o exemplo do personagem Homer, “pois ele representa um pai de família, um trabalhador conservador, sem curso superior, que após uma jornada de trabalho, quer ter acesso às notícias mais relevantes do dia de forma clara e objetiva”.
Em 1998, durante a exibição de uma reportagem sobre o Ballet Kirov no programa “Fantástico”, Pedro Bial, então apresentador do programa, deixou escapar um “isso é coisa de veado”.