O policial Paulo Ricardo Bressa, amigo de Rieli Franciscato, sertanista que morreu após levar uma flechada de indígenas isolados em Rondônia, na quarta-feira (9), narrou os momentos que antecederam a morte do coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Uru-Eu-Wau-Wau da Fundação Nacional do Índio (Funai). (ouça abaixo)
Segundo ele, os indígenas não contactados apareceram próximos a um acesso viário conhecido como ‘linha 6’ em Seringueiras. Bressa e outra colega da corporação estavam de plantão e acompanharam a ocorrência de averiguação.
“O Rieli chegou aqui, pediu apoio pro sargento, se a gente poderia ir com ele lá, porque lá é uma área de conflito. O sargento liberou a gente pra ir, a gente foi. Quando a gente chegou lá onde eles apareceram, ele entrou em contato com a senhora dona da terra e perguntou se podia dar uma olhada por onde eles tinham vindo”.
Flechada no tórax
Rieli Franciscato, de 56 anos, morreu na quarta-feira (9) após ser atingido no tórax por uma flecha de bambu, de 1,5 metro, disparada por indígenas isolados em Rondônia. Logo que foi atingido, houve uma tentativa de socorro, mas o sertanista chegou morto ao hospital.
Ele era uma das grandes referências nos trabalhos de proteção aos indígenas isolados da Amazônia. O coordenador defendia o não contato com o grupo e atuava para evitar um conflito com a população local. Também fez parte da equipe que demarcou a primeira terra exclusiva para indígenas isolados.
Funai
A Funai declarou em nota imenso pesar com falecimento e informou que que acompanha o caso.
“Rieli dedicou a vida à causa indígena. Com mais de três décadas de serviços prestados na área, deixa um imenso legado para a política de proteção desses povos”, comunicou por nota o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Ricardo Lopes Dias.