A irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, criticou nesta sexta-feira (19) a oferta de ajuda econômica feita por Seul em troca da desnuclearização do país comunista, chamando a proposta de “cúmulo do absurdo”, e descartando qualquer possibilidade de negociações presenciais.
A declaração de Kim Yo-jong foi uma resposta ao plano apresentado nesta semana pelo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, de oferecer comida, energia e infraestrutura ao Norte se o mesmo abandonar seu programa de armas nucleares.
Proposta sem chances de ser aceita
Analistas já haviam antecipado as chances reduzidas de sucesso da proposta, uma vez que Pyongyang investe grande parte de sua riqueza em seu programa militar, e já deixou claro repetidas vezes que não aceitará uma negociação desse tipo.
A irmã de Kim Jong-un advertiu que a premissa de que o Norte irá negociar sobre seu programa nuclear é falsa. “Quando vemos que o plano de trocar ‘cooperação econômica’ pela nossa honra, nossas armas nucleares, é o grande sonho, a esperança e o plano de Yoon, percebemos o quanto ele é ingênuo”, declarou em um comunicado divulgado pela agência oficial norte-coreana KCNA.
“É claro que não vamos negociar cara a cara com ele”, acrescentou, antes de acusar o Sul de tentar reinventar as mesmas propostas já rejeitadas pelo Norte.
O gabinete presidencial da Coreia do Sul expressou “profundo pesar” pelas declarações “derrogatórias” de Kim Yo-jong, mas acrescentou que a oferta de ajuda econômica continua de pé.
“Tal atitude por parte da Coreia do Norte não contribui para a paz e a prosperidade da península coreana, nem para o seu próprio futuro. Apenas promove seu isolamento no cenário internacional”, afirmou o representante do governo sul-coreano.
Testes e represálias
Na semana passada, Pyongyang ameaçou a Coreia do Sul com represálias “mortais” por culpar o país por um surto recente de Covid-19 em seu território. Em julho, Kim Jong-un já havia declarado que seu país estava “pronto para implantar” a força de dissuasão nuclear no caso de um confronto militar com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Na quarta-feira, Pyongyang também disparou dois mísseis de cruzeiro.
De acordo com Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos Norte-Coreanos no Instituto Sejong, as declarações de Kim Yo-jong “deixam claro” que Pyongyang não vai abandonar o programa nuclear jamais. Desta forma, as políticas do sul-coreano Yoon precisarão ser revisadas, observa ainda o diretor.
Neste ano de 2022, a Coreia do Norte fez uma série recorde de testes com armas, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental. Os Estados Unidos e a Coreia do Sul alertam que Pyongyang prepara a retomada dos testes nucleares.