Após quase 24 horas de julgamento, o ex-vereador Obadias Ferreira da Silva foi condenado a mais de 33 anos de prisão por matar e enterrar o corpo de Edilene Vieira da Silva na frente de uma residência rural de Ji-Paraná (RO). Vítima e réu tinham um relacionamento extraconjugal.
Obadias foi condenado por feminicídio, ocultação de cadáver e estelionato. Quanto ao terceiro crime, o ex-vereador induziu a vítima a ajudar na construção de um imóvel na chácara, onde ela foi morta e enterrada.
Segundo denúncia do Ministério Público, Obadias obteve vantagens pecuniárias indevidas da vítima, com valores que chegam a R$ 40 mil. O ex-vereador teria convencido Edilene a fazer vários empréstimos bancários com a promessa de que eles iam passar a viver juntos.
O dia do crime
Segundo apontou a investigação e os depoimentos das testemunhas, no dia do crime, o réu atraiu a mulher até a chácara de sua família e, usando de violência, matou a amante asfixiada.
A Justiça considerou que o crime foi premeditado, já que momentos antes Obadias ordenou que uma “cova” de 2,5 metros fosse aberta com a desculpa de que queria enterrar cadeiras de rodas. O buraco, na verdade, foi utilizado para esconder o corpo de Edilene. Para “disfarçar” o local, ele jogou palha de arroz por cima.
O corpo da vítima ficou enterrado por cerca de 90 dias. Segundo a sentença, durante esse período, o réu prestou “auxílio” aos familiares de Edilene e demonstrou falsa preocupação em localizar a vítima.
O julgamento
Obadias começou a ser julgado por volta de 8h30 da terça-feira (7) no Fórum de Ji-Paraná. Sete pessoas foram sorteadas para compor o júri, sendo três mulheres e quatro homens.
A irmã da vítima foi a primeira a se sentar na cadeira de testemunhas. Ela falou sobre a dor da família em reviver todo acontecimento e que a morte de Edilene causou grande abalo psíquico e desestabilização familiar. A vítima deixou três filhos, sendo que um deles tinha pouco mais de dois anos quando ela foi morta.
Para protestar e pedir justiça pela morte de Edilene, os parentes e amigos da vítima vestiram camisetas que tinham a foto da vítima estampada e mensagens de apoio.
O julgamento encerrou somente na manhã desta quarta-feira (8). Obadias foi condenado a 33 anos 10 meses 20 dias regime fechado e 13 dias multa.
Durante o julgamento, a defesa afirmou à Rede Amazônica que o réu e disposto a “pagar” pelo que fez.
“O Obadias confessou desde a fase policial, desde a primeira vez que foi ouvido. E ele está extremamente arrependido pelo ocorrido e como eu disse no tribunal do júri, ele está à disposição para pagar pelo erro dele. O que a gente vai buscar aqui hoje é tentar equalizar essa pena, pra ficar dentro do mais justo possível, de acordo com o que permite nosso ordenamento jurídico”, diz.