Agência europeia lança satélite de projeto que visa mapear a Terra como nunca antes

Satélite do bilionário programa Copérnico vai fornecer duas vezes mais dados sobre a cobertura da superfície terrestre e pode mudar a compreensão da vegetação do planeta.

Foi lançado na segunda-feira (6), da Guiana Francesa, o novo Sentinel 2B, quinto satélite observacional do bilionário projeto Copérnico, da Agência Espacial Europeia (ESA). O projeto promete ser um divisor de águas em termos de observação da Terra, segundo o responsável pela montagem e testes, Paolo Labirinti.

“É, sem dúvida, um grande avanço no campo da observação da Terra e do monitoramento ótico multiespectral – uma especialidade do Sentinel 2”, afirma Labirinti. “Nós somos o endereço certo quando se trata de criar um sistema que possa fornecer tal riqueza de informações.”

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Labirinti se refere à capacidade do Sentinel de interconectar e processar de forma tão inteligente dados de diferentes satélites de observação, de forma que resultem numa imagem muito mais complexa e significativa do que poderia ser proporcionada por um único satélite.

A tecnologia do Sentinel 2 foi desenvolvida sob medida pela unidade Airbus Defesa e Espaço. E os novos satélites gêmeos vão ter uma capacidade bem superior ao Landsat 8, atualmente a mais potente ferramenta de observação da superfície terrestre.

“Ele também é um satélite muito bem desenvolvido, tendo sido construído pelos americanos. Mas, neste momento, ele não é tão poderoso quanto o Sentinel 2”, explica Labirinti.

Transferência de dados

Com o lançamento do Sentinel 2B, conclui-se uma constelação de satélites gêmeos: o Sentinel 2A e o Sentinel 2B trabalham agora em conjunto. Eles vão fornecer duas vezes mais dados sobre a cobertura da superfície terrestre e sobre a vegetação lá existente.

Atualmente, o Sentinel 2A mapeia toda a Terra num espaço de tempo de dez dias. Quando o Sentinel 2B entrar em operação, os dois satélites vão ser capazes de enviar imagens completas do planeta a cada cinco dias. Nesse caso, trata-se do chamado “tempo de revisita”: ambos os corpos circulam numa órbita quase polar, ou seja, eles sobrevoam repetidamente os Polos Norte e Sul. No entanto, ambos os satélites voam alternadamente.

“Isso significa que circundamos o Polo Norte e Sul aproximadamente a cada 90 minutos com um velocidade de cerca de sete quilômetros por segundo”, explia Bianca Hoersch, gestora da missão Sentinel 2.

Entre os dois satélites, há uma lacuna de cerca de 180° ou um intervalo de tempo de cerca de 45 minutos. “Eles mantêm a mesma distância – ou seja, voam numa constelação de satélites gêmeos”, explicou Hoersch.

“Ao mesmo tempo, a Terra gira. Assim, um satélite vê uma parte da Terra e outro, depois, a outra parcela de superfície. Ao longo de cinco dias, temos assim uma visão completa sobre o planeta”, acrescenta. Em seu voo, o Sentinel 2A e 2B mapeiam faixas de superfície de cerca de 290 quilômetros de largura.

Uma grande família Sentinel

Mas há ainda mais membros da grande família Sentinel: Sentinel 1A e 1B já se encontram em órbita, da mesma forma que Sentinel 3A. Cada um deles possui um foco diferente – mas eles também se ajudam mutuamente.

Sentinel 1A, por exemplo, fornece dados de radar sobre catástrofes e mudanças da crosta terrestre – como após terremotos, deslizamentos de terra ou já antes de erupções vulcânicas. Como satélite de radar, o Sentinel 1 funciona bem com tempo nublado, podendo fornecer dados de regiões dos Trópicos, onde muitas vezes é difícil captar imagens livres de nuvens.

Aqui, o Sentinel 2 também tem seus pontos fortes – ele é capaz de reconhecer mais que nossos olhos. “A resolução espacial de apenas dez metros, por exemplo, e as 13 faixas espectrais – muito disso não estava disponível em outras missões”, diz Hoersch.

Segundo a especialista, o olho seria capaz de ver somente quatro faixas espectrais. “Quando se observa com o olho ou com uma câmera fotográfica comum, pode-se registrar a luz visível. Mas [com o Sentinel 2] recebemos ainda informações na faixa espectral do infravermelho em campo próximo e médio, que não podem ser vistas a olho nu.”

A gestora da missão explica que os novos satélites capazes, de obter dados da faixa espectral do infravermelho, poderão mudar a nossa compreensão da vegetação do planeta. “Pois a luz está presente e a vegetação a reflete nesse comprimento de onda.”

Por Deutsche Welle

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