Não há dúvidas de que Boca Juniors e River Plate fazem o maior clássico da Argentina. A discussão se estende à América do Sul e até ao mundo, mas agora não cabe juízo de valor. É o momento de desfrutar da final mais aguardada da Taça Libertadores em 58 anos de edição – exceção concedida especialmente aos gremistas e palmeirenses. Por ironia ou coincidência, será também a última edição com jogos de ida e volta antes da gourmetização com a decisão única. O primeiro acontece neste sábado, às 18h (de Brasília), na Bombonera – o SporTV transmite ao vivo. Sai de baixo.
Boca e River não chegaram aos trancos e barrancos. Tiveram campanhas contundentes, em que pese o risco de eliminação dos xeneizes na última rodada da fase de grupos. No mata-mata, eliminaram gente grande, escorados em superelencos para os nossos padrões, caríssimos, diferente do que se via há cinco anos, por exemplo.
O site “Transfermarkt”, especializado em valores de mercado, avaliou o plantel do Boca como o mais caro de toda a Libertadores: € 115,6 milhões (R$ 490 milhões na cotação atual), enquanto o River é o terceiro, com € 74,7 milhões (R$ 316 milhões), embora tenha menos jogadores em quantidade (27 a 23). Na média por atleta, € 4,3 milhões a € 3,2 milhões.
Entre a dupla está outro argentino, o Independiente (€ 86,1 milhões), e aí sim aparecem os brasileiros Palmeiras (€ 76,9 milhões), Flamengo (€ 76,2 milhões), Grêmio (€ 67,6 milhões), Santos (€ 61,2 milhões), Cruzeiro (€ 56,4 milhões) e Corinthians (€ 53,5 milhões). Ainda que possa haver uma imprecisão nos números, é fácil chegar à conclusão de que os argentinos gastaram para chegar onde estão.
Pity Martínez, algoz do Grêmio e fera maior do River — Foto: Diego Haliasz/CA River Plate
O Boca tem o jogador mais bem avaliado da decisão: Cristian Pavón, cotado em € 20 milhões (R$ 84,6 milhões). No River, o primeiro da lista é Pity Martínez, algoz do Grêmio na semifinal com o gol de pênalti no fim: € 15 milhões (R$ 63,4 milhões). Ele, inclusive, já estaria negociado por este valor com o Atlanta United, da Major League Soccer, nos Estados Unidos. Exequiel Palacios, revelação de 20 anos, está na mira do Real Madrid.
Entre promessas, “achados” e medalhões, também engrandecem esta final nomes como Armani, Quintero, Pratto, Palacios, Borré, Enzo Pérez no River… Barrios, Nández, Benedetto (carrasco do Palmeiras), Tevez, Zárate no Boca… Fora outros candidatos menos expressivos a herói. E, dentre os técnicos, dois ex-jogadores bastante identificados com os clubes: Marcelo Gallardo, suspenso pela Conmebol e privado de ir até mesmo à Bombonera, e Guillermo Barros Schelotto.
Até a “rota para Santiago”, cidade escolhida como sede da decisão em 2019, Boca, seis vezes campeão (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007), e River, três (1986, 1996, 2015), podem ter a certeza de que são eles as marcas de sucesso, e não exatamente a Conmebol.
O clube xeneize informou que houve mais de 2.500 pedidos de credenciamento para a final – a capacidade é de pouco mais de 800 jornalistas na Bombonera –, num total de 25 países, incluindo El Salvador, Cuba, Catar, Eslovênia, China e Omã.
Visitantes em casa
Nesta partida de ida, todos só poderão ver a festa do Boca, ao menos nas arquibancadas. Apesar do esforço do presidente Mauricio Macri, os clubes definiram pela manutenção da torcida única – medida de segurança seguida desde 2013.
O River tentará surpreender e conta com os números recentes a seu favor. Nos últimos oito jogos na Bombonera, venceu quatro, empatou três e só perdeu um. A sequência atual é de três vitórias, todas por dois gols de diferença.
Como está concentrado desde quarta-feira, não há pistas sobre o substituto de Ponzio no meio-campo. Zuculini e Nacho Fernández disputam a vaga ao lado de Enzo Pérez. No ataque, Scocco, que costuma ser boa opção do banco, está praticamente descartado com dores musculares.