“Se caso a infecção for leve e o paciente estiver com boa oxigenação em ventilação espontânea ao ar livre, não é necessário auxílio externo na respiração, mas é fundamental o monitoramento constante da evolução do quadro, já que há risco de complicação acelerada. Se a infecção evoluir para um caso de insuficiência respiratória, torna-se necessária a intervenção, primeiramente dos dispositivos de oxigenoterapia (máscara não reinalante ou máscara de VNI ventilação não invasiva), ou até mesmo cateter nasal.Assim, o paciente já passa a receber uma fração inspirada de oxigênio mais enriquecida, pois o ar ambiente tem apenas 21% de oxigênio”, ele diz.
Já a fisioterapia pulmonar possibilita os chamados exercícios respiratórios e motores ativos. “O exercício respiratório é um conjunto de técnicas que podem ser preventivas ou curativas, e visam mobilizar secreções, melhorar oxigenação do sangue, promover reexpansão pulmonar, diminuir o trabalho respiratório, reeducar a função respiratória e prevenir complicações”, explica o fisioterapeuta Eduardo Santos.
FUNÇÕES MOTORAS DO PACIENTE
Cerca de 20% a 60% dos pacientes internados na UTI desenvolvem fraqueza muscular generalizada relacionada ao imobilismo. Desta maneira, a fisioterapia motora tem como objetivo criar condições mais favoráveis às funções motoras do paciente, evitando contraturas, deformidades, encurtamentos musculares, melhorando a força muscular e a independência para as atividades da vida diária.
“O atendimento nas unidades de internação é realizado seguindo as orientações de paramentação e desparamentação, assim os profissionais recebem treinamento e orientações constantes oferecidas pela instituição”, diz.
Segundo o fisioterapeuta Eduardo, o coronavírus pode causar uma inflamação muito grande nos pulmões, afetando diretamente a troca gasosa e, por isso, os pacientes entram em falência respiratória muito rapidamente.
O procedimento fisioterapêutico divide-se em duas áreas: a motora e a respiratória. Motora normalmente é a mais conhecida. No caso da Covid-19, a respiratória tem grande importância dentro da UTI, conforme explica Eduardo.
“É onde começamos a fazer uma avaliação do padrão ventilatório do paciente; se ele está com esforço, se precisa de suporte ventilatório maior, nós recorremos à oxigenoterapia”, detalha.
PÓS-COVID-19
A fisioterapia pós-Covid-19 também é especial para o profissional dessa área. “É a transição do tratamento, quando o paciente deixa de necessitar de auxílio mecânico para a respiração, e nesse estágio ele deve retomar sua autonomia para voltar a respirar sozinho. Na segunda fase entra a fisioterapia motora, para que ele recupere a força muscular perdida durante o tratamento, além da melhoria na higiene brônquica, até que, por fim, seja possível a respiração normal sem nenhum auxílio”.
Eduardo recomenda que, mesmo depois de recuperado e da alta hospitalar, o paciente faça exercícios respiratórios, principalmente devido à possibilidade de sequelas. Segundo ele, é possível que alguns pacientes apresentem limitações respiratórias, desenvolvendo um quadro de fibrose pulmonar e até necessitem de assistência ambulatorial.
A fisioterapia contribui para atenuar os sintomas provocados pela doença. “Pacientes de terapia intensiva, especialmente os que estão em suporte ventilatório, são os que requerem maior vigilância”, diz Eduardo.
“O fisioterapeuta auxilia na vigilância ventilatória e também elabora estratégias que reduzem o tempo no respirador bem como suas complicações; por isso digo que ela é também importante nas enfermarias, onde assegura melhoria da qualidade de vida e na redução do tempo médio de internação hospitalar”, acrescenta.