MPRO divulga censo sobre população indígena venezuelana em Porto Velho

O objetivo do censo foi mapear essa população que chegou a Porto Velho, primordialmente, a partir de 2018

 Atualmente, o número de indígenas venezuelanos da etnia Warao em Porto Velho é de 78 pessoas, divididas em 23 famílias. Desse total, 43,48% são mulheres e 56,52% são homens. Os dados constam no Censo de migrantes latino-americanos, divulgado nesta segunda-feira (11/12) pelo Ministério Público de Rondônia (MPRO). O levantamento foi realizado durante o ano de 2023 através do trabalho em campo da equipe de Ciências Sociais do Núcleo de Análises Técnicas (NAT) do MPRO, idealizado pela Promotoria de Justiça de Cidadania e Direitos Humanos.

O objetivo do censo foi mapear essa população que chegou a Porto Velho, primordialmente, a partir de 2018 em decorrência das crises econômica, social e política na Venezuela.

A Promotora de Justiça Daniela Nicolai, que atua na Curadoria de Cidadania e Direitos Humanos, informou que com o mapeamento é possível identificar as principais vulnerabilidades da etnia e propor políticas públicas para assegurar os direitos desses povos indígenas refugiados.

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“Era necessário abordar as vulnerabilidades dessas pessoas porque elas são invisíveis mesmo estando nos sinais da capital. Elas têm diversas barreiras, sendo a língua (a comunicação) uma das principais dificuldades para acessar as políticas públicas. O censo foi criado para ajudá-los, para pleitear políticas públicas”, disse a Promotora de Justiça.

Os dados — A família mais numerosa é composta por sete pessoas e a menor, por duas pessoas.

Os indígenas moram em habitações alugadas em três pontos de Porto Velho, sendo que uma das “vilas de apartamento” abriga 13 famílias.

O levantamento mostra que em uma família um integrante possui emprego como auxiliar de pedreiro e nas demais 22 famílias a principal fonte de renda vem das coletas em semáforos de Porto Velho e do benefício do Governo Federal, o Bolsa Família.

Enquanto apresentavam o tópico acima, as pesquisadoras Edna Fernandes e Luciana Silva, responsáveis pelo trabalho de campo, destacaram que é necessário reconhecer as diferenças culturais ao analisar os números. Se deslocar até os semáforos da capital é visto como um trabalho para essa população. Segundo as técnicas, o que no Brasil alguns chamam de mendicância, os indígenas Warao chamam de trabalho, de coleta e isso precisa ser respeitado. Eles têm inclusive uma rotina organizada com horários para ir e vir dos pontos de coleta.

Foram identificados casos de insegurança alimentar em todas as famílias. O censo aponta que culturalmente a base da alimentação dessa população é frango, peixe, milho e mandioca, porém o dinheiro coletado não comporta o pagamento do aluguel, alimentação e demais necessidades básicas. Estão todos em condições de vulnerabilidade social.

Após a apresentação do censo à comunidade, o próximo passo é propor ao Poder Público (Estado e Município) as políticas públicas para a inclusão social e garantia dos direitos para a assistência social, capacitação profissional, saúde, educação e proteção à infância e juventude dessa população.

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