Moeda do Facebook preocupa reguladores

Na França, o ministro das Finanças Bruno Le Maire pediu às autoridades bancárias do G7 emitam um relatório sobre o projeto assim que possível

Anunciada na terça-feira, 18, a libra, moeda digital do Facebook, foi recebida de forma mista. Enquanto economistas veem na moeda grande potencial para aumentar a acessibilidade global a serviços financeiros, reguladores e políticos nos EUA e na Europa demonstraram preocupação com sua regulação.

Na França, o ministro das Finanças Bruno Le Maire pediu às autoridades bancárias do G7 emitam um relatório sobre o projeto assim que possível. Ele teme que a moeda digital do Facebook, criada em parceria com outras 27 empresas e instituições, se torne soberana. Já o eurodeputado alemão Markus Ferber disse à agência Bloomberg que as “empresas de tecnologia não podem operar em um nirvana regulatório ao lançar moedas virtuais”, pedindo regras específicas.

Nos EUA, o senador Josh Hawley disse que o Facebook está “expandindo seu monopólio” ao criar uma moeda – vale lembrar que as gigantes de tecnologia estão sendo investigadas no Congresso dos EUA por questões antitruste. O caráter privado da libra também foi destacado por economistas ouvidos pelo Estado.

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“Quem vai monitorar as decisões?”, diz Rodrigo De Losso, doutor em economia pela Universidade de Chicago. “No modelo tradicional, existe o Banco Central, que apesar de independente do governo, está submetido a órgãos de controle”, diz ele. Ao anunciar a moeda, o Facebook alegou trabalhar diretamente com autoridades em diversos países para evitar questões regulatórias.

O anúncio da criptomoeda não animou os investidores do Facebook – ontem, as ações da empresa caíram 0,3%. Analistas , porém, viram o lançamento com bons olhos. “A libra poderia ser para as moedas digitais o que a AOL foi para a internet”, disse Joel Kulina, da Wedbush Securities, em nota a investidores – o comentário se refere ao provedor de internet que, nos anos 1990, popularizou a rede nos EUA.

Ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster crê que os custos baixos prometidos pelo Facebook e sua grande base de usuários pode ampliar acesso a serviços. “O Facebook pode virar um grande banco global.” Para Marcos Antônio de Andrade, professor de Universidade Presbiteriana Mackenzie, a possibilidade de realizar transferências mais baratas pode afetar os bancos. “São instituições que estão sempre na zona de conforto.”