Butantan anuncia início de testes de eficácia da CoronaVac contra a variante delta da Covid

Prefeitura de SP já registrou transmissão comunitária da variante na cidade. Butantan afirma que delta corresponde a apenas 0,03% do total de casos, mas vai intensificar pesquisa genética que verifica, por amostragem, qual é a cepa presente nos casos confirmados.

ubos de exame de sangue para teste da Covid-19 no estado de São Paulo — Foto: Cadu Rolim/Estadão Conteúdo

O Instituto Butantan anunciou nesta quinta-feira (22) o início de estudos para analisar se a CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo instituto em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, é efetiva contra a variante delta (B.1.617.2, indiana) do coronavírus.

O instituto divulgou também que a variante gama (P.1) ainda predomina no estado de São Paulo, concentrando 90,74% dos casos registrados, enquanto a variante delta tem incidência de 0,03%. Este percentual é verificado por meio do sequenciamento de cerca de 7% das amostras positivas para a doença no estado, ou seja, nem todos os casos confirmados têm sua variante detectada.

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“O Butantan já está trabalhando no isolamento da variante delta. Esse é o primeiro passo”, disse Dimas Covas, diretor do instituto, em coletiva de imprensa na quarta (21).

 

O diretor do Butantan declarou ainda que já foram feitos testes em laboratório sobre a resposta da CoronaVac à variante delta, mas ainda não foram “conclusivos”.

“Neste momento, existem estudos em andamento com relação ao desempenho das vacinas especificamente em função da variante delta. Algumas vacinas já testadas, a CoronaVac ainda testes em laboratório, mas não testes conclusivos. Temos que avaliar, sim. O fato de ter tido já um aumento de casos em alguns países levou, inclusive, alguns estudos a serem adiantados”, completou.

No início de julho, a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico (CDC) do Butantan, Sandra Coccuzzo Sampaio Vessoni, havia declarado que estudos sobre a eficácia da vacina contra a delta seriam feitos quando a variante tivesse um maior número de contaminados no estado.

Segundo o último boletim oficial, divulgado nesta quinta (22), há 10 casos de transmissão local da variante delta no estado de São Paulo, sendo oito na capital e dois na região do Vale do Paraíba. A transmissão comunitária dessa cepa foi confirmada pela prefeitura da capital na última quinta-feira (15).

O Butantan afirma que planeja ações de vigilância epidemiológica, como o aumento do número de amostras sequenciadas, ou seja, com a variante identificada, e uma enquete soroepidemiológica para entender a presença da delta no estado.

O Brasil identificou 110 casos da variante delta, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (19). Entre esses pacientes, cinco evoluíram para a versão grave da Covid-19.

Tubos de exame de sangue para teste da Covid-19 no estado de São Paulo — Foto: Cadu Rolim/Estadão Conteúdo

Tubos de exame de sangue para teste da Covid-19 no estado de São Paulo — Foto: Cadu Rolim/Estadão Conteúdo

Mapeamento do vírus

 

A gestão municipal disse que continua fazendo o monitoramento das variantes do coronavírus na capital periodicamente, por meio de cálculo amostral, por semana epidemiológica.

Desde abril, em parceria com o governo do estado, o município tem encaminhado parte das amostras de exames RT-PCR positivos ao Instituto Butantan para que seja realizada uma análise genômica, que identifique as cepas circulantes no momento na cidade. Foi por meio desta iniciativa que foi detectado o primeiro caso positivo para esta variante na capital.

A secretaria também disse que tem um acordo de estudo de variantes com o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo e com o Instituto Adolfo Lutz, que fazem a vigilância com o objetivo de identificar quais cepas circulam pela cidade.

A variante delta foi identificada no Brasil há cerca de um mês e já é responsável por pelo menos duas mortes no país. Ela tem se tornado a cepa dominante em todo o mundo, segundo a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan.

O primeiro caso da variante delta no estado de São Paulo foi identificado em um passageiro de 32 anos que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 22 de maio, e seguiu para o Rio de Janeiro. Ele é de Campos dos Goytacazes, no Rio, e o diagnóstico foi confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz.