Como o Canadá está enfrentando o novo coronavírus

São mais de 100 mil pessoas acometidas e mais de 8.200 mortes na região

Fechamento de fronteiras, aportes financeiros e lockdowns estão entre as estratégias adotadas pelo governo canadense para conter os impactos do novo coronavírus

Segunda maior extensão territorial do planeta, o Canadá ocupa o 17º lugar em número de contaminados pelo novo coronavírus, que causa síndrome respiratória grave que pode levar à morte, caso haja complicações. São mais de 100 mil pessoas acometidas e mais de 8.200 mortes na região.

Para fins de comparação: o Brasil, país cuja extensão territorial é a quinta maior no mundo e ocupa a segunda posição em número de contaminados, conta com quase 48 mil mortes provocadas pela covid-19.

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São aproximadamente 4.400 casos para cada milhão de pessoas contra pouco mais de 2.600 a cada milhão de canadenses diagnosticados com a síndrome respiratória grave que pode levar à morte.

Tão logo a pandemia foi decretada, o primeiro ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou o fechamento de fronteiras aéreas, marítimas e terrestres. Foi permitida somente a entrada de cidadãos e residentes permanentes que estavam em viagens antes da pandemia.

A proibição de cruzeiros marítimos, que começou em abril, irá até outubro, incluindo barcos de passageiros e outros transportes na água com mais de 100 passageiros e tripulação.

Além disso, adotaram o lockdown, ou seja, a proibição de funcionamento de qualquer atividade não essencial como comércio, shoppings, academias de ginástica, restaurantes e salões de beleza.

Embora já tenha começado a flexibilizar o isolamento social, o Canadá ainda mantém suas fronteiras fechadas com os EUA, que também se tornou um dos epicentros da doença, para evitar o aumento de casos. A previsão é de que as viagens sigam impedidas até, pelo menos, 21 de julho.

Auxílio financeiro

Assim como os demais países seriamente afetados pela pandemia, o governo canadense disponibilizou recursos financeiros para o auxílio de famílias e empresas. Foram destinados US$ 57 bilhões para tentar reduzir os impactos provocados pela pandemia.

A liberação da verba tem o intuito de garantir empregos e permitir que as pessoas fiquem em casa com a garantia de ter comida na mesa.

Os fundos estão sendo desembolsados por meio de isenções fiscais, programas sociais, como o seguro-desemprego, e benefícios fiscais para crianças, incluindo uma ajuda de US$ 900 para trabalhadores que não têm acesso à licença médica remunerada e precisam ficar em casa por questões de saúde.

Trudeau prevê ainda licença médica remunerada de, no mínimo, 10 dias durante uma eventual segunda onda de disseminação do novo coronavírus.

Outros US$ 650 milhões foram destinados a serviços de saúde, aumento da capacidade nas comunidades indígenas, incluindo um centro para mulheres.

Desemprego

As medidas adotadas pela equipe econômica não foram suficientes para impedir um aumento histórico da taxa de desemprego no país. Estima-se que pelo menos dois milhões de canadenses estejam desempregados em função do novo coronavírus.

Esses somados aos que já estavam nessa situação antes da pandemia levam a uma taxa de desemprego de 13%, a segunda maior registrada em toda a história do Canadá.

Diante disso, Trudeau anunciou que o subsidio salarial de emergência está programado para ir além de junho. A ideia é ajudar os empresários a manterem a folha de pagamentos e até recontratarem aqueles que foram demitidos.

Relações do Canadá com o Brasil

A crise gerada pelo novo coronavírus contribuiu para estreitar as relações entre Brasil e Canadá, especialmente no setor de exportação. Isso se explica porque desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia de covid-19 o real foi fortemente atingido.

Com um histórico de instabilidade político-econômica, o Brasil foi uma importante vítima do movimento de aversão ao risco por parte dos investidores, que foram rápidos em tirar seu dinheiro do país.

Com a enxurrada de real no mercado, a moeda despencou frente ao dólar, a mais forte do mundo e o ativo mais buscado em tempos de crise. Nesse contexto, a moeda norte-americana chegou a picos de R$ 6 e segue com certa estabilidade na casa dos R$ 5 desde março.

Com o dólar nas alturas, as exportações para o Canadá, 11º na lista de países para os quais o Brasil mais exporta, tiveram um aumento de 15% no primeiro trimestre de 2020, bem no pico da disseminação da covid-19 ao redor do globo. Ao todo foram arrecadados US$ 943,3 milhões no período.

Entre os produtos mais exportados no começo de 2020 estão o ouro não monetário e o ouro em barras, fios e perfis de seção maciças. Eles foram impulsionados pelo clima de incerteza no cenário econômico mundial, que leva as pessoas a buscarem ativos mais seguros, estando o metal dourado entre os mais buscados, assim como o dólar.

As relações entre as duas nações pós-pandemia ainda são incertas, mas especialistas avaliam que alguns setores, como a mineração não devem sofrer tanto impacto, mas outros que dependem exclusivamente do transporte aéreo, como os gêneros alimentícios, poderão ser atingidos.

Já no campo do turismo, a expectativa para as relações entre os dois países são positivas para o período que se suceder à pandemia. A expectativa é de que o Canadá, que já é um importante destino de intercambistas brasileiros, seja ainda mais requisitado para viagens internacionais.

Isso porque o dólar canadense está com a cotação mais barata do que moeda americana, ficando em torno de R$ 3,80, o que barateia os custos da viagem para os brasileiros.