Presidente do Equador considera ‘nociva’ dívida com China atrelada ao petróleo

Pouco mais de 2 bilhões de dólares, de um total de 4,6 bilhões em dívidas com Pequim

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, chamou nesta quarta-feira (9) de “nociva” uma parte da dívida com a China que está vinculada ao pagamento com petróleo, que foi contraída pelo governo do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).

Pouco mais de 2 bilhões de dólares, de um total de 4,6 bilhões em dívidas com Pequim, “estão vinculados a um acordo de comercialização de petróleo, que prejudica os interesses do Equador”, declarou o presidente em entrevista a jornalistas da mídia local.

“Precisamos renegociar a dívida com a China”, acrescentou Lasso, que na semana passada visitou Pequim e se reuniu com seu colega Xi Jinping para promover um acordo de livre comércio entre as duas nações e a reestruturação do passivo.

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O ministro da Economia, Simón Cueva, havia indicado antes da viagem que a dívida com a China era de cerca de 5,2 bilhões de dólares. O total do passivo externo do Equador era de quase 47 bilhões de dólares (44,5% do PIB) até novembro.

“Pedi (ao presidente chinês) que nos sentássemos para renegociar a dívida, dar um tempo à economia equatoriana, para estender os prazos, baixar as taxas de juros e desvincular esse contrato de comercialização de petróleo”, disse Lasso.

Ele ressaltou que não está em seus planos aumentar o endividamento com o país asiático. “Não pretendemos obter mais financiamentos com a China ou com qualquer outra organização internacional. Temos as contas em ordem para o ano de 2022”, comentou.

Durante o governo Correa, a China tornou-se o principal credor de Quito. Com seu financiamento, megaprojetos foram construídos no país sul-americano por empresas chinesas como a hidrelétrica Coca Codo Sinclair, que apresentou problemas assim que entrou em operação.

A China, com a qual o Equador pretende assinar um acordo de livre comércio ainda este ano, é o maior credor de Quito em termos de dívida entre países, com 12% do total.

Lasso espera fechar a negociação do acordo comercial em outubro, o que permitiria ao país sul-americano ampliar seu mercado de exportação em US$ 1 bilhão por ano.

Entre janeiro e novembro de 2021, as vendas de produtos equatorianos ao mercado chinês totalizaram 4,5 bilhões de dólares e as compras 3,2 bilhões, segundo os dados mais recentes do Banco Central local.