Schumacher chega aos 50 anos e inspira nova geração de pilotos

Seis anos após o fim da carreira e há cinco sem sua presença física, Michael Schumacher ainda segue como uma referência forte para os pilotos da F-1.

“Percebo que um piloto muito trabalhador pode correr no mesmo nível de um muito talentoso. Mas quando o piloto talentoso é muito trabalhador, ele se torna praticamente imbatível.” As palavras poderiam muito bem ser de Michael Schumacher, mas são de Charles Leclerc, que chega, aos 21 anos, na Ferrari, posto que sempre almejou.

Talvez os sonhos do monegasco fossem diferentes se Schumacher, que completa 50 anos neste 3 de janeiro, não tivesse escrito capítulos importantes da história da Ferrari, tirando o time de 21 anos de fila em títulos de pilotos bem quando Charles Leclerc, que nasceu em 97 e começou a andar de kart aos 3 anos, estava começando a se interessar pelo esporte.

Talvez ele não fosse tão obcecado assim pela perfeição, marca registrada do alemão, que aproveitava a época em que os testes eram liberados para passar dias aperfeiçoando o carro na pista privada da Ferrari.

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O fato é que, seis anos após o fim da carreira e há cinco sem sua presença física, Michael Schumacher ainda segue como uma referência forte para os pilotos da F-1.

O nome do heptacampeão será muito citado neste ano ao lado de Lewis Hamilton. Afinal, o inglês tem 73 vitórias, contra 91 do alemão e pode bater talvez sua marca mais impressionante além dos sete títulos. Hamilton sempre apontou Ayrton Senna como sua grande influência, mas revelou que sempre escolheu ser Schumi nos jogos de videogame e guarda uma recordação especial do ex-piloto.

“Na última corrida dele, me enchi de coragem e fui perguntar se ele trocaria de capacete comigo. Ele trocou e é uma das coisas mais legais que tenho na minha casa”.

VETTEL

Quem mais sente a ausência do heptacampeão, contudo, é aquele que está tentando emular o sucesso do ídolo na Ferrari, Sebastian Vettel.

“Sinto muito a falta dele. Não só por sua experiência enorme, dentro e fora da pista, mas também porque ele era mais brilhante e simpático que as pessoas imaginam. Ele tinha muito talento e instinto, mas também pensava muito no que fazia. Sinto falta de ter seus conselhos, não necessariamente de como pilotar, mas coisas dos bastidores, do trabalho em equipe, a politicagem da F1. Ele tinha muita experiência de sua época na Ferrari”.

Vettel conheceu Michael quando tinha seis anos, em um evento de kart na cidade natal do heptacampeão, Kerpen. “Éramos em umas 100 crianças e ele cumprimentou um a um. Foi um dia fantástico para todos nós. Ele sempre foi meu único ídolo no esporte. Meu quarto era cheio de pôsteres dele”.

Apesar de acreditar que os recordes do ídolos são “fora de alcance” para ele, Vettel tem como grande objetivo ser campeão com a Ferrari. As comparações com Schumacher são inevitáveis e não param em Maranello: Vettel é o piloto que costuma sair mais tarde do paddock, trabalhando intensamente com os engenheiros. E tem uma vida privada bastante reservada, exatamente como seu ídolo.

“Desejo incrível de ser o melhor” marcou Verstappen

Já dentro das pistas, quem parece seguir mais a cartilha de Schumi é Max Verstappen, cuja agressividade já foi comparada diversas vezes com a do alemão, especialmente no início da carreira.

Para Max, a convivência com Schumacher era costumeira em sua infância, já que ele e seu pai, Jos, eram amigos e foram companheiros de Benetton. “Eu era muito jovem, mas era divertido. Não pensava muito em estar de férias com o grande Michael Schumacher. Eu era novo demais e ficava brincando com o filho dele”.

Mas Verstappen vê com bons olhos uma característica de Schumacher que sempre dividiu opiniões durante sua carreira: vencer a qualquer custo. “Isso mostrava o desejo incrível dele de ser o melhor. Faz parte de ser o melhor e querer ser o melhor”, acredita o holandês.

Na geração atual, nenhum piloto decidiu campeonatos com acidentes, como aconteceu com Schumacher em 1994 e em 97. Quem sabe Verstappen esteja aí para mudar isso.