A Rússia está perto de concluir os procedimentos necessários para assinar um novo tratado bilateral com o Irã em breve, segundo a agência de notícias estatal russa TASS. A informação teria sido confirmada pela principal autoridade de segurança do país, Sergei Shoigu, nesta terça-feira (10).
“Estamos ansiosos pela conclusão iminente de um novo tratado interestadual básico. Estamos concluindo os procedimentos internos necessários para a preparação de documentos serem assinados pelos presidentes”, disse Shoigu.
No mesmo dia, mais cedo, em uma entrevista coletiva em Londres, antes de mais uma visita à Ucrânia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que a Rússia recebeu mísseis balísticos do Irã e, provavelmente, os usará dentro de algumas semanas contra o território ucraniano.
Blinken também afirmou que a cooperação entre Moscou e Teerã ameaça a segurança europeia em geral e que o Irã treinou dezenas de militares russos para usar seu sistema de mísseis balísticos de curto alcance Fath-360, que tem um alcance máximo de 120 quilômetros.
“Esse desenvolvimento e a crescente cooperação entre a Rússia e o Irã ameaçam a segurança europeia e demonstram como a influência desestabilizadora do Irã vai muito além do Oriente Médio. Essa é uma via de mão dupla, inclusive em questões nucleares e em algumas informações espaciais”, disse.
Além das acusações, o secretário anunciou novas sanções ao Irã que incluem medidas, por exemplo, contra a companhia aérea Iran Air.
Em nota, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos detalhou que elas irão afetar exatamente dez pessoas e seis empresas por sua participação no apoio ao setor da Defesa do Irã, e quatro navios envolvidos em “permitir a entrega de componentes e sistemas de armas por parte do Irã”.
“Hoje, os Estados Unidos e nossos aliados estão tomando medidas concertadas em resposta à decisão imprudente do Irã de distribuir mísseis balísticos à Rússia para seu uso em sua guerra de agressão contra a Ucrânia.O Irã optou por intensificar sua participação na guerra ilegal da Rússia e os Estados Unidos, juntamente com nossos aliados, seguirão apoiando a Ucrânia”, disse o vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo.
França, Alemanha e Reino Unido também emitiram uma declaração conjunta condenando o Irã e a Rússia pelo que chamaram de escalada.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã negou, nesta terça, que o Irã tenha fornecido os mísseis e chamou as acusações feitas pelos EUA e pelos países da Europa de “propaganda feia”.
“A publicação de relatórios falsos e enganosos sobre a transferência de armas iranianas para alguns países é simplesmente uma propaganda feia para esconder o grande apoio ilegal de armas dos Estados Unidos e de alguns países ocidentais ao genocídio em Gaza”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani.
Um dia antes, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a confirmar os relatos, mas disse a repórteres que a Rússia está cooperando com o Irã, inclusive nas áreas “mais sensíveis”.
Em discurso na noite desta terça, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sem citar o Irã, prometeu consolidar uma forte resposta mundial a qualquer potência que ajude o esforço de guerra da Rússia ou incite ou prolongue o conflito entre Kiev e Moscou:
“Quero dizer a todos no mundo que ainda querem de alguma forma ajudar Putin: faremos tudo, não apenas para defender nosso Estado e nosso povo, mas para realmente consolidar o mundo em respostas fortes à incitação à guerra ou a quaisquer tentativas de prolongá-la”.
O governo também se pronunciou oficialmente e disse que pode cortar relações com Teerã se a Rússia usar mísseis balísticos fornecidos pelo Irã para atacar a Ucrânia.
“Não direi agora exatamente o que significa consequências devastadoras, para não enfraquecer nossa posição diplomática, mas posso dizer que todas as opções estão sobre a mesa. Também precisamos de autorização para usar armas ocidentais contra alvos militares em território russo, o fornecimento de mísseis de longo alcance e o aprimoramento de nossos sistemas de defesa aérea”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Heorhiy Tykhyi.