Para 72% do eleitorado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 81, não deveria concorrer à reeleição, mostra pesquisa divulgada neste domingo (30) pela CBS News -um aumento de nove pontos percentuais em relação a fevereiro deste ano.
O levantamento, feito em uma parceria da emissora com a empresa YouGov, tem uma margem de erro de 4,2 pontos percentuais e entrevistou 1.130 pessoas entre sexta-feira (28) e sábado (29) -ou seja, após o criticado desempenho de Biden no debate contra seu provável rival nas eleições de novembro, o ex-presidente Donald Trump, 78.
A principal razão para querer a desistência de Biden é a idade, tema que se tornou tão central quanto economia e migração na eleição americana deste ano, disputada pelos dois candidatos à Presidência mais velhos da história dos EUA. Essa foi a justificativa de 86% daqueles que são contra a candidatura do democrata, à frente das decisões que ele pode tomar no gabinete, escolha de 71%.
A porcentagem daqueles que não querem a candidatura de Biden previsivelmente cai quando a pergunta é feita a democratas, mas também cresceu em relação ao começo do ano. Entre os apoiadores do partido, 46% acham que Biden não deveria concorrer, dez pontos percentuais a mais do que em fevereiro.
Cresceu também o número de pessoas para as quais o atual presidente não tem saúde mental e cognitiva para continuar no cargo -agora, elas representam 72% do eleitorado, quando eram 65% no início de junho. Embora pontue melhor nesse quesito, apenas 50% dos americanos acham que Trump tem saúde cognitiva para ser presidente.
A pesquisa captura a comoção dos americanos após o primeiro e provável único debate da campanha eleitoral deste ano, na noite de quinta-feira (27). Com voz rouca e performance vacilante e confusa em muitos momentos, Biden foi encurralado pela retórica enérgica de Trump em temas-chave para o eleitorado americano, como migração, guerras nas quais os EUA se envolveram nos últimos anos, a gestão da pandemia de coronavírus e o aborto.
As imagens eram tudo o que os republicanos queriam, já que cenas de Biden confuso, paralisado ou caindo viraram arma a seus opositores, que argumentam que o democrata não tem condições de permanecer mais quatro anos na Presidência.
Biden recebeu uma enxurrada de críticas desde então, e membros e doadores do Partido Democrata chegaram a sugerir a substituição do candidato, de acordo com a imprensa americana. Neste domingo, porém, a Casa Branca negou relatos de que ele estava se reunindo com sua família para avaliar sua candidatura e diversos líderes democratas se manifestaram publicamente para apoiar o presidente.
“Não se trata de desempenho em termos de um debate, mas de desempenho em uma Presidência”, disse a deputada democrata Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara, ao programa State of the Union, da CNN. “De um lado da tela, você tem integridade; do outro lado, você tem desonestidade.”
Na noite de sábado, Biden e sua família haviam viajado para a residência presidencial em Camp David, onde ele avaliaria o futuro de sua campanha à reeleição, de acordo com a NBC News. No entanto, o vice-secretário de imprensa adjunto da Casa Branca, Andrew Bates, postou na rede social X que a viagem havia sido planejada antes do debate.
O senador da Geórgia Raphael Warnock foi outro político que veio a público dizer que Biden não deve desistir da corrida. “Nosso trabalho é garantir que ele ultrapasse a linha de chegada em novembro. Não para o bem dele, mas para o bem do país”, afirmou no programa Meet the Press, da NBC.
O senador democrata Chris Coons, do estado natal de Biden, Delaware, citou o discurso de sexta do presidente, na Carolina do Norte, para justificar seu apoio. Naquele dia, Biden falou, em tom oposto ao observado na véspera, que sabe que não é um homem jovem. “Eu não ando tão bem, não falo tão bem, não debato tão bem quanto eu debatia, mas sei como falar a verdade. Sei diferenciar o certo do errado, sei fazer esse trabalho”, afirmou.
“Naquele palco de campanha na Carolina do Norte, eu vi um Joe Biden enérgico, engajado e capaz”, disse Coons no programa This Week, da ABC. Ele acrescentou que o presidente teve um desempenho fraco, mas Trump, por outro lado, teve um “desempenho horrível” e falou “mentira atrás de mentira atrás de mentira”.